Histórias de vida, músicas, notícias e a promoção do respeito aos direitos humanos. O que antes era gravado com o celular e disponibilizado nas redes sociais agora funciona pelo sinal FM de várias cidades alemãs por meio da “Refugee Radio Network” (RRN), uma emissora criada por e para refugiados.
Esta rádio, escutada por cerca de 40 mil pessoas diariamente, surgiu no final de 2014 em Hamburgo, onde três refugiados nigerianos decidiram bancar o projeto com um objetivo: dar voz às vidas e histórias das pessoas que cruzam as fronteiras dia após dia.
Um dos criadores do projeto é Larry Maculay, engenheiro e ativista político nigeriano que abandonou seu país natal e seguiu rumo à Líbia para fugir da guerra.
Já na Alemanha, o nigeriano se cansou de escutar nos veículos de imprensa tradicionais informações “negativas” e “tóxicas” sobre os solicitantes de asilo e, junto a dois amigos, viu “a necessidade de criar uma voz midiática alternativa que desse informações reais”.
Com essa premissa como bandeira e a intenção de ajudar e auxiliar à comunidade de deslocados, Maculay, Asuquo Udo e Sammies Bones decidiram criar “a primeira rádio para refugiados de grande alcance”, a “RRN”.
O projeto foi custeado com o que tinham economizado, utilizando materiais de gravação básicos e telefones celulares e recorrendo às redes sociais, como Facebook, Skype e YouTube, para divulgar seus programas em inglês.
A rádio cresceu com o tempo, e agora pode ser ouvida ao vivo de Hamburgo, Berlim, Marburg e Stuttgart. Ao longo da programação, os integrantes colaboram com deslocados de muitas partes do mundo, os “voluntários”, razão pela qual também transmitem reportagens gravadas em países como Itália, França, Líbano e Austrália.
Hoje há inclusive a transmissão de um programa mensal de televisão na internet, no qual durante 60 minutos refugiados falam de suas vidas em seus países de origem e amparo.
Para ele e muitos de seus companheiros, a situação política atual tem dois claros responsáveis: os políticos e os eleitores. “Os políticos não fazem nada, não querem mudar nada. É uma vergonha que os europeus deixem que isto aconteça. E todos se queixam dos políticos, mas quem colocou os políticos lá? As pessoas”, analisou.
Para Maculay é evidente que “a migração chegou para ficar, como sempre esteve e com mais pessoas vindo”, por isso a “RRN” continuará a assessorar e ajudar os refugiados.